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Entrevista | Está claro que houve improbidade administrativa, diz Milton Hobus sobre compra de respiradores

Por: Marcos Schettini
23/06/2020 15:49
Rodolfo Espínola/Agência AL

Liderança importante dentro do Parlamento estadual e articulado com quadros reconhecidos como Jorge Bornhausen, Raimundo Colombo e Julio Garcia, o presidente do PSD de Santa Catarina tem tido papel fundamental na CPI dos Respiradores, que investiga membros do Governo do Estado em uma compra de R$ 33 milhões, além de um contrato de um hospital de campanha, em Itajaí, que após polêmica foi suspenso.

Prefeito eleito e reeleito de Rio do Sul, ex-secretário de Estado da Defesa Civil e deputado estadual no segundo mandato, Milton Hobus concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e lembrou sobre a necessidade da Assembleia Legislativa em fiscalizar e julgar politicamente, se necessário, desvios de recursos públicos por parte do Governo do Estado.

Também, falou sobre democracia, Jair Bolsonaro, rumos e metas do PSD em Santa Catarina e afirmou que o eleitor teve uma “lição” da eleição 2018. Confira:


Marcos Schettini: Como o Sr. vê o futuro da CPI dos Respiradores?

Milton Hobus: A CPI tem demonstrado o que estamos falando há muito tempo: o Estado vive uma calamidade administrativa. Falta gestão e, principalmente nesta pandemia, tornam-se ainda mais visíveis os erros e a falta de governo, não somente nas compras irregulares. Começa por quem comandava as ações da pandemia. O governante máximo tem que estar à frente, ele tem que dar um norte, principalmente num momento de calamidade. Foi dito de forma muito clara que os comandantes eram o ex-secretário Helton Zeferino e o secretário-adjunto André Ribeiro (atual chefe da pasta). Mas Zeferino negou, colocou a culpa em uma servidora. Então, cadê o governador neste momento? Por isso vimos tantos desencontros de informações. Ninguém sabe de nada, ninguém mandou pagar nada. Está muito claro que houve improbidade administrativa, que muitos gestores sabiam desta compra. A CPI vai continuar o seu trabalho, ouvindo as demais testemunhas, e elaborar um parecer final trazendo todas essas conclusões.

Schettini: Qual responsabilidade a Alesc deve ter nos possíveis crimes do governador?

Hobus: Devemos analisar a fundo, debater e atuar de forma transparente caso haja comprovação de crime por parte do governador e de sua equipe. Os catarinenses não podem pagar por erros, ineficiência ou irregularidades cometidas pelo Estado, principalmente diante de uma crise como esta.


Schettini: E da vice-governadora Daniela Reinehr?

Hobus: A mesma situação.


Schettini: Pelo resultado da eleição de 2018 em SC e a atual realidade, é possível afirmar que o eleitor tirou uma lição?

Hobus: Com certeza. Motivados por todos os escândalos que observamos em Brasília nos últimos anos, os catarinenses viram no presidente Bolsonaro uma esperança e votaram em todos os candidatos da sigla sem saber quem eram. Santa Catarina é um exemplo, onde o governador virou candidato na última hora e teve uma votação expressiva. Em outubro de 2018, falei que seria uma irresponsabilidade colocar alguém sem nenhuma experiência ou plano de governo. O resultado está aí e todos estão acompanhando. Passamos o ano passado inteiro corrigindo equívocos do Estado, que queria aumentar impostos de vários setores, incluindo os de agricultores. No final do ano, tivemos a compra de carros de luxo para educação. O governo falava que não tinha dinheiro, não reformou nenhuma escola e, no final, teve que gastar o dinheiro que sobrou. O que fez? Comprou dezenas de carros por R$ 120 mil cada. Isso é fazer economia? Atualmente temos essa compra desastrosa de respiradores fantasmas e o contrato milionário do hospital de campanha, que foi suspenso. Não existe a velha ou nova política. O que existe é a boa política, é o gestor público eficiente, honesto, alinhado com os valores fundamentais para o progresso do nosso Estado.

Schettini: Qual o quadro de tudo isso para a democracia?

Hobus: É ruim porque viemos de uma grande insatisfação com a política no país. As pessoas tinham a esperança de ver uma melhora no país. Uma das nossas grandes missões é mostrar para a população a responsabilidade que é eleger alguém, mostrar que o seu voto traz consequências para você e para toda a sociedade. É a fila do posto de saúde e de cirurgias eletivas que aumenta, é o preço dos produtos no mercado que ficam mais caros com a elevação de tributos, é o dinheiro do nosso imposto que vai pelo ralo com fraudes ou ineficiência. Temos que ser responsáveis na hora de votar.


Schettini: O Sr. vê o presidente da República como uma ameaça à Constituição e à democracia?

Hobus: Não. Ele está lá porque as pessoas o elegeram, porque acreditaram no seu governo e em seus valores. Não vejo que alguém eleito vá contra a própria democracia que o elegeu. O que observamos é que algumas falas, erradas ou não, acabam ressoando na grande imprensa e tomando proporções que não deveriam tomar.


Schettini: As eleições futuras deverão custar muito depois da pandemia. O Sr. é a favor da unificação das eleições?

Hobus: Antes de toda essa pandemia, eu já falava que tanto o meu partido como todas as siglas do país precisam achar um novo caminho onde os princípios e as vontades da população, da base, sejam atendidas através da política partidária. É necessária uma redução no número de partidos políticos no país. Com esse número de siglas fazendo negócio de cima para baixo, não há como se ter uma democracia sólida. Sobre unificar as eleições, acredito que é preciso fazer isso com muita responsabilidade e calma. Não dá para fazer de uma hora para outra sem planejamento.


Schettini: Qual o projeto do PSD caso as eleições sejam realizadas?

Hobus: Desde que assumi como presidente do PSD-SC, em junho do ano passado, sempre deixei claro que o objetivo é criar um debate construtivo, de identidade partidária, de princípios e valores para uma Santa Catarina melhor. Fizemos uma série de reuniões para atrair pessoas com essa visão de gestão pública para mudar o atual status quo. Também temos deixado claro que o PSD não será bengala de nenhum partido. Criamos um bom time para liderar, gerir uma cidade e ser exemplo como legislador. Estamos reunindo uma série de cases de sucesso do nosso partido para mostrar a todos os candidatos como devemos atuar. Queremos preparar líderes.


Schettini: Não realizar a Tríplice Aliança em 2018 foi um erro?

Hobus: Não há erros, mas sim pontos de vista diferentes, planos que não chegaram ao resultado esperado. Antes de mais nada, tivemos uma onda de mudança, de esperança, puxada pelo presidente Jair Bolsonaro e alavancada pelos escândalos de Brasília. O PSD foi vitorioso no primeiro turno em SC, mas o reflexo da onda de um número foi muito grande em nosso Estado e tivemos aquele resultado no final. Foi algo que surpreendeu a todos.


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